O 102º post - Ok, né?

Água, filtro e pó

Usar essa máquina não é tão difícil assim

Nem pensar como ela

A máquina não pensa

E nem sente

Mas uma coisa leva a outra, né?

A água eu peguei no filtro de barro

Só que o filtro de barro é de plástico

Que nem o vidro da cafeteira

Que nem as garrafas embaixo da pia

Recipientes de plástico são fadados

A ficarem vazios

Reabastecer dá trabalho

Dá preguiça

E custa dinheiro

Eu nunca vi plástico retornável

Plástico você recicla

Mas reciclar dá trabalho

Então você enterra

É mais prático

E não faz mal pra ninguém

A caneca pelo menos não é de plástico

É louça

Fria e frágil

Tipo Sophia

...

O QUE!? SOPHIA NÃO É DE PLÁSTICO!?

Corri para a praça

Cavei o mais rápido que pude

Suspiro de alívio

Ainda estava lá

Fria

E sua fragilidade já havia se manifestado

Quebrada

Não gostaria de ter minha caneca quebrada

Olhando para ela

Veio a revelação

Seu coração

Era de plástico

E agora tudo fez sentido