segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O 151º post - Meu amigo Gregor.

Da noite para o dia nos tornamos em insetos.
Sem explicações plausíveis nos transformamos.
Novas formas.
Deformações.

Eu sei como dói, meu amigo.
Um quarto sujo e vazio.
E é por isso que eu encho minhas paredes
Com imagens que só eu posso ver.

Eles não imaginam como doem,
Não podem entender o que sentimos
Nossas vozes soam perturbadoras agora
E somos estorvos a quem amamos.

E a quem nos amou.

Não se preocupa, meu amigo.
Não precisa voltar praquele quarto.
A maçã já apodreceu.
Você foi bravo em vir até aqui.

Não se preocupa, meu amigo.
Ninguém vai limpar o seu quarto.
Ninguém vai te trazer as sobras.
Mas todos vão ficar felizes sem você.

Agora é tarde, está doendo demais.
Para fugir para os esgostos.
Está doente demais,
Pra ver uma escapatória.

"É vício não querer deixar morrer."

Agora é tarde, meu amigo.
Agora é tarde.
Padeçamos, então.
É o melhor para todos.

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