"E agora? O que eu vou fazer? O que eles fariam? Idiota! Eles não fariam nada, não são tão fracos como eu, não estariam nessa situação. Calma, você tem que pensar, você tem que achar uma solução. Eu podia fugir, não é difícil e quando alguém der falta eu já vou estar longe demais para ser alcançado. Eu podia colocar fogo em tudo, também é bem prático e não ia sobrar ninguém pra reclamar. Eu podia acender um cigarro, um deles fez isso, nada se resolveu, mas nada mais importou. Merda, eu tenho que sair dessa."
Sentado num canteiro, numa esquina, num ponto de táxi, ele olha para cima e vê uma luz saindo de uma janela.
"Sophia, Sophia, eu não quero mais entrar, mas é bom que as portas continuem trancadas, assim pelo menos você vai estar segura."
Ele se levanta e continuar a caminhar.
"Irônico demais. Eu que odeio dramas, numa situação dessas. Cai na real, cara! Não é nada, nunca é nada, nunca é ninguém. Você sabe disso e por isso que você sabe o que fazer. É só deixar de querer ser um bundão. Você já passou por isso. Eterno retorno."
Ele ri, sabe que falou bobagem. Em frente ao mar, numa calçada, numa rua, ele olha para cima e vê a Lua.
"Malditos dragões, malditos dragões! Espero que enlouqueçam de vez."
E seus passos continuam.
"Não é onisciência, é só que eu não gosto de dúvidas. Lembra aquela história do fogo? O cara não tinha uma tocha, tentou pegar o fogo e se queimou. Deve ter morrido, não sei, não fiquei pra ver o final da história. Tem também aquele papo do coração, né? Ele bate pro seu bem, alguma coisa assim. A verdade é que às vezes eu não entendo bem o que essas coisas querem dizer."
Num sebo, numa livraria, em outra esquina, ele pega um livro qualquer, numa página qualquer e uma frase qualquer.
"Haveremos de zurrar como fazem os burros."
E ele ri, mais uma vez.
"Quer saber?"
Ele sobe.
Um estacionamento.
Uma lembrança.
Uma nostalgia.
Uma venda.
Dois olhos.
Passos aleatórios.
Um salto.
Um comentário:
MUITO BOM PRIMO
PRÓXIMO PASSO: LARGAR AS DROGAS
MAS VAMOS COM UMA COISA DE CADA VEZ, VOCÊ TÁ INDO BEM
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