segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O 115º post - Aquela do menino do aquário.


 Era um garoto daqueles que ficava olhando o aquário enquanto as outras crianças corriam pela casa, e através do vidro ele via os monstros dentro do castelinho de plástico e o tesouro que eles guardavam. Ele via também os restos de todos que se aventuraram e não foram capazes de alcançar aquela caixinha da qual saiam as bolhas. 

- Filho! Não encosta no vidro!

 Ele via tubarões, caranguejos escondidos entre as algas artificiais e as ostras guardando suas pérolas. Ele queria aquelas pérolas. Ele queria aquele tesouro. Ele queria se aventurar e sair vitorioso. E mesmo se seus restos ficassem ali, ainda seria vitorioso, pois teria se aventurado.


- Filho! O que você está fazendo? Saia já daí!

 E quando percebeu, ele já estava lá dentro, todo molhado. Sentia os peixes passando e esbarrando em seu pescoço. Sentia as algas de verdade nas canelas finas e a conchas na sola do pé. Estava totalmente submerso. E então ele estava no castelo. Ele derrotava qualquer monstro. Ele tinha o tesouro. Ele era vitorioso.

Se aventurara.
Se aventura.
Se aventurará.

E logo sentia alguém puxá-lo pelo braço.
E uma toalha em suas costas.

- Filho, o que deu na sua cabeça? Vai trocar de roupa antes que você pegue uma pneumonia.

E os seus restos não ficaram naquele aquário, mas hoje ele leva aquele mundo consigo aonde quer que vá.

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